Para quem estuda o Velho
Testamento não é nenhuma novidade conhecer a origem das nações segundo a
tradição judaico-cristã. Mas para quem não segue religiões, tampouco lê ou se
interessa por entender a existência humana através dos textos bíblicos, mas que
se interessa pelo assunto, a arte é leitura e descoberta. Um exemplo da segunda
escolha, diria, espontânea, aleatória, é o leitor curioso e apaixonado pela
poesia de Rimbaud deparar-se com o inquietante poema Mau Sangue, de Uma Temporada
no Inferno. É justamente em Rimbaud, que amou o sol da África e nele
queimou-se para ficar ainda mais negro, pois já era de alma, que encontrei a
mais bela metáfora para a origem das nações, ou melhor, de uma nação, a
africana. No longo poema, o poeta faz dura crítica ao continente europeu – sua
origem branca e colonizadora – e aos seus mandatários, "falsos
negros": "Sim, tenho a vista fechada à vossa luz. Sou um animal, um
negro. Mas posso ser salvo. Vós sois falsos negros, vós, maniáticos,
irascíveis, avarentos. Comerciante, és negro; imperador, velha sarna, és negro:
bebeste o vinho não tributado da fábrica de Satã. – Esta gente está inspirada
pela febre e o câncer. Doentes e velhos são tão respeitáveis que pedem para ser
fervidos. – O mais astuto é deixar este continente, onde a loucura corre para
fornecer reféns a esses miseráveis. Entro no verdadeiro reino dos filhos de
Cam". O verdadeiro reino dos filhos de Cam, ou Cão, é a África, povoada
pelos descendentes do segundo dos três filhos de Noé – Sem, Cam e Jafé. O texto
Origem das Nações, https://almalavada1.wordpress.com/2013/04/16/origem-das-nacoes/,
faz menção a duas interpretações do personagem bíblico. A primeira, de um pastor
evangélico a respeito da maldição de Noé contra Cam, condenando os descendentes
deste à etnia negra, ou seja, a nação africana seria a punição do filho
amaldiçoado. A segunda, nada a ver com cor de pele mas com outra discriminação,
sugere que Cam, por ser homossexual e desejar ver seu pai nu,foi amaldiçoado
por este. São inúmeras as versões e piadas criadas para explicar de forma
pejorativa, senão criminosa (Ku Klux Kan), o princípio da vida de não brancos. Indiferente
a todas, fico, pois, com a poesia de Rimbaud. Poesia da liberdade do além senso
comum, pátria, moral, credo. Liberdade além-do-homem.
Ana Barros
Natal, 21 de maio de 2015.
Sem resenhas ou esse texto foi escrito por um ateu ou por uma pessoa que leu a biblia sem o minimo discernimento bíblico e estava com o coração cheio de mágoa!!1Poupe=nos.
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