quarta-feira, 21 de março de 2018

Cigarra


Havia se passado tanto tempo que eu disse
“morreu no labirinto”
O verme – que retorna e rói minha certeza
Eu, que carreguei o animal ladeira acima
Que corri ladeira abaixo
Que vomitei as vísceras
Enfiei-me no chão com as cigarras
Eu, que limpei ao vento alto
Que larguei a pele morta
Que bebi na luz a gota de horror
Dormi abraçada a sonho bom
Mas a noite alheia à carniça e Náusea
Entornou mais uma vez
No oco do pau a cigarra canta

Ana Barros
Natal, 11/03/2018.

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