Quando eu quis ter uma
casa logo descobri que não sabia o que era ter uma casa. A primeira que
encontrei disse “é esta”. Tinha janelas paredes portas logo era uma casa. “Mas
é uma casinha popular de conjunto” observam as vozes sensatas. E eu sabia ser popular no conjunto... Fingi
não ouvir e comprei – a casa. Plantei o jardim e sentei com os vizinhos. Mas o
dia amanheceu e a casa e eu havíamos fechado... Do monte de folhas podres e
brotos murchos chegou Antônio. Nem bem olhei dentro dos olhos dele pensei “este
é o ideal mais que perfeito”. Flores colhidas no mato Mozart Wagner blues e um
cálice de conhaque. E o dia outra vez veio
e desmontou o jogo matando a criança. Ainda negra de luto e de ontem conheci
João que nada tinha a ver com Antônio tampouco com a minha casa. Algo que ninguém
viu – vi em João... Este “É” eu disse.
Mas de manhã contemplando o rosário João era tão vago quanto os canteiros da cerca
pobre.
Ana Barros
Natal, 30 de março de 2003.
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