A caixa de sapatos vazia na estante chamou a minha atenção
para o tempo em que caixa tinha personalidade
E o que guardava uma caixa...
O chapéu de fundo marrom e macio de vovô Chiquinho
ou a camisa de festas de tio Dedé comprada na Casa Sem Nome em Cuité
A do chapéu, alta, redonda e branca, vivia na parte de cima do guarda-roupas
A da camisa, vazia, retangular e colorida, servia de porta-jóia da família
Ter oito... dez... vinte anos era ser eterno...
Ilusão que dava poder aos objetos comprados com o dinheiro da colheita do milho
E a moda passou longe da eternidade dos homens da minha casa...
Mas a caixa em movimento com ou sem o chapéu dentro
mudou de dono, mudou de cor, mudou de forma...
Ao infinito rasgada
Ana Barros
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