quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O muro

Quando você me procurou manso e delicado eu maligna e de alma escovada escondi a tristeza que me abria os poros e convidei-o a sentar no monturo da minha sorte. Você nem percebeu que eu jogava com armas dissimuladas: polidez na voz, riso amplo e a falsidade em todos os recantos. Estávamos prontos para o espetáculo do faz de conta quando meu veneno vermelhou seu sangue. Um recuo, uma censura e nós dois em lados opostos: é mau, você disse. Eu disse, não é bom nem mau uma vez que não há. E deixei cair as máscaras odiadas. Com as mãos nos olhos cegos você bateu em retirada sem perceber que eu fundava.

Ana Barros

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