A Alysson N. Barros
Segurando o espelho perto do rosto enquanto encenava
o olhar de peixe morto que você disse ser mais civilizado
que esse farol que trago acesso, herança
de saqueadores e horror dos homens disciplinados,
olhei-me demoradamente e não gostei do que vi e
chamei você no canto da sala de jantar onde eram servidos peixes
de olhos contemplativos iguais aos olhos do Cristo
Segurei a sua mão e fiz você sentar na cadeira de frente à travessa
diante da qual os convidados agradeciam de mãos postas e ar sublime
indiferentes a mim que, exilado entre os mortos, quebrei o espelho e
saltei sobre a mesa erguendo a lança em direção às guelras que
se desmancharam em lama Todos inclusive você
tinham os olhos virados para o alto e clamaram à descida do Raio
E antes de ser levado pela correnteza montei o
meu cavalo de oito patas e sangrei o Cordeiro
Ana Barros
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