A mão deformada pesa
sob o símbolo que fala em nome
do ritual e da pregação do padre:
Aro grosso polido há anos (bem morto)
Modelo venerável de resignação e ódio
Inclinasse a cabeça aos pés e veria quanta dobra na alma
anelada pelo brilho falso que grudou no sexo
com a fechadura do dono
Carne mole, filho mau, desgosto, falência mental, insônia
Silêncio, silêncio, silêncio, silêncio..................................................................
Solidão, solidão, solidão, solidão.....................................................................
A aliança expiando
o último suspiro
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
Alquimia
Há alegria nesse par de olhos
castanhos
requebrando em rito insano a mesma
dança
que dança o corpo risonho
A alegria cresce, saltita a olhos
estranhos
Se pudesse abrir em banda
mostraria quão grande deslumbre
esconde:
bailar, cair, equilibrar, desmoronar
– de novo gozar
Mas o mundo dorme e o grito morde a
garganta
Quer revelar tesouro escondido...
Quem almeja fortuna sem brilho?
- Cadê o ouro?
- Ora, o ouro sou eu!
Ana Barros
Natal, 08/04/98
Eu
A caixa de papelão manchado de fungos ainda guarda a fotografia sem data. Esquecida de querer de volta o papel amarelo e sem alma, apanhei o retângulo e olhei-o friamente. Não muito longe, lamentei a morte da inocência sob os véus da falsidade e da corrupção do gesto espantosamente revelados no arco dos ombros e nos braços frouxos caídos ao longo do corpo. Passando os olhos no pano de fundo donde sobressaem dois quadros que decoram a sala, Cristo e a Virgem, disse num suspiro de alívio e satisfação de mim: “sou o que sempre fui.” Em torno, a parede branca e sem ícones refletia a dança louca das formas vindas do Jardim ensolarado. Ali, deixei-me aliciar no rito frenético de êxtase e esfacelamento.
terça-feira, 9 de novembro de 2010
Desato
A imaginação é sangue
e o fluxo rasga os sentidos
Num instante, não mais que um instante, o gesto escorre
Gelo revigorante, paz, bálsamo de uma chispa
A ânsia recomeça noite adentro na vibração
dos nervos e na multiplicidade das formas,
na ocupação inflada e diabolicamente febril do Nada
Vontade a postos entre fluidos e Eternidade
Outra vez o gesto gesta e desintegra na superfície
sem jamais chegar ao fundo sem fundo onde
tudo cospe para cima e para os lados,
onde dançam miríades com o tempo da bolha
que explode e morre sem segurar o ato nem fixá-lo
na pedra da certeza sem corte
É só um instante... a febre passa
e o fluxo rasga os sentidos
Num instante, não mais que um instante, o gesto escorre
Gelo revigorante, paz, bálsamo de uma chispa
A ânsia recomeça noite adentro na vibração
dos nervos e na multiplicidade das formas,
na ocupação inflada e diabolicamente febril do Nada
Vontade a postos entre fluidos e Eternidade
Outra vez o gesto gesta e desintegra na superfície
sem jamais chegar ao fundo sem fundo onde
tudo cospe para cima e para os lados,
onde dançam miríades com o tempo da bolha
que explode e morre sem segurar o ato nem fixá-lo
na pedra da certeza sem corte
É só um instante... a febre passa
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