sábado, 12 de dezembro de 2015

O segredo



“Tenho um segredo”, eu disse dentro do copo antes de tomar a dose
Que encerraria a breve história do que a ninguém edito
Apago o cigarro entre o polegar e o indicador molhado
Antes, porém, a maré arrasta as bitucas que eu, passivo e alheio, joguei na areia:
Três maços boiam na superfície que devolve o que não afunda
“Mas eu tenho um segredo”, repito sem testemunha
Guardo o toco de cigarro atrás da orelha e espero... Não tenho pressa
A onda avança e afoga os meus lábios: bêbado trago a ressaca
E juntos caímos no abismo que nada

Ana Barros
Natal, 09 de novembro de 2015.

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