Podemos
contar a história de uma época nos detendo em fotografias que foram
contemporâneas e que se tornam clássicas pelo conjunto de signos
característicos da sociedade em evidência. É comum achar graça da
moda passada, ridicularizar excessos ou ausência de panos, chapéus,
bengalas, bigodes, costeletas, saiotes, espartilhos quando somos
envolvidos pela atmosfera atual, seja esta tão ou mais artificial
quanto à anterior. Achamos sempre que o que usamos no momento é o
melhor, o mais civilizado e isento de ridículo, pois que é presente
altamente industrial, tecnológico. Esquecemos, porém, que toda
sociedade tem o seu presente e a sua tecnologia. Dos fios mais
rústicos aos tecidos mais elaborados, do sabão mais artesanal ao
sabonete delicado, homens e mulheres estiveram e estão sempre
envolvidos na criação de formas, cheiros e cores para se adornar e
chamar atenção para si. Engana-se quem acha que a moda do presente,
por ser pensada por especialistas qualificados em universidades de
moda e estilo, não é uma reprodução de ontem e que amanhã vai
ser observada como descartável, risível. Olhando a foto que ilustra
o texto não podemos deixar de admirar a elegância e postura
aristocrata do Senhor que se olha no espelho do porta-chapéus, móvel
tão fora de moda quanto os acessórios nele postos, chapéu e
guarda-chuva. No entanto, a imagem em si é tão rica de símbolos da
classe a qual pertence o Senhor, quanto qualquer fotografia tirada
hoje de um homem que fizer parte da mesma classe social que a do
fotografado. Haverá para ele sempre o espelho da moda, os
acessórios, o tecido, o móvel, o perfume, a gravata e o terno
adequados ao seu poder econômico. A moda, transitória e dinâmica
como todos os fenômenos sociais, vai ser substituída por outra nem
sempre mais interessante que a anterior, mas o homem será o mesmo em
sua necessidade de afirmar o que é, o que tem e o que cria. A moda,
ultrapassada, ridícula ou não, é a história de vida deste homem.
Os de pouco quinhão que querem a todo custo acompanhar as tendências
da estética do momento, contentar-se-ão com a imitação banalizada
que promete a todos igualdade no mundo das aparências. Em relação
aos primeiros, os que definem a moda, a admiração, a inveja, a
cópia por aqueles que são obrigados pelo trabalho renovar
ciclicamente os desejos de quem dita a “última moda”. Porém,
basta olhar atentamente as fotografias que ilustram livros e revistas
de História para percebermos, pela postura orgulhosa, vestimenta e
acessórios dos escolhidos por autor e editora, quem compra e quem
reproduz moda.
Ana
Barros
Natal, 27 de julho de 2015.
Natal, 27 de julho de 2015.
Foto
do perfil (Facebook) de Lenira
Xavier