A feira é dinâmica como tudo nesta vida de consumo líquido. Por isso se
adequa aos materiais descartáveis para durar pouco. Mas nós, com um pé cá no
mundo chinês das porcarias de plástico reciclado não se sabe qual procedência,
e outro pé lá atrás, na memória de um tempo que não nos larga por coisa alguma
por ser a nossa identidade, temos olhos para encontrar o que os contemporâneos
dados apenas às novidades e facilidades tecnológicas não enxergam. Frequentar
feiras populares é ainda uma das poucas aventuras a que podemos nos dar o luxo
de vivenciar em dias de ruídos infernais e de poluição visual, cuja
multiplicidade de objetos e cores nos deprime e angustia se a eles deixarmos
escravizar.
Não só a feira aproxima com seus feirantes nômades e felizes, com os quais mantemos laços de camaradagem jamais encontrados nos mercados das grandes cidades, como também nos encantam os armazéns de mangaios onde encontramos tudo o que guardamos na memória de um tempo cheio de dificuldades e fadigas próprias de um momento de transição entre o rural e o civilizado.
O mangaio de Dequinha, em Jaçanã (RN), é um desses espaços convidativos que tenho o hábito de, toda vez que passo em frente, entrar, olhar e pegar os artigos rústicos que ele, como todo mangaieiro que ama o seu ofício, faz questão de exibir para amantes como eu do que permanece eterno e essencial apesar de estigmatizado e esquecido pela moda atual.
Na Semana Santa estive em Jaçanã e aproveitei a ocasião para mais uma vez visitar Dequinha. Entro e deparo-me de imediato com a linda bolsa de caçador pendurada no teto. “Vinte e cinco reais”, diz a vendedora e mulher do dono da loja. Pechincho: “faz vinte?” “Não, é vinte e cinco mesmo.” Pago a bolsa e saio tão feliz quanto no meu tempo de estudante de jornalismo. Sou da geração de Jornalistas que adoravam ser reconhecidos pelo visual largado e estilo inconfundível do texto. A bolsa de lona rústica amarela pendurada entre baladeiras, lamparinas, gaiolas, pega-brasa, panelas de barro, pavios e uma infinidade de utilitários, era um convite ao passado da moça que viera do interior para a capital e permanecera com a mesma estética do simples que a faz ainda jovem, jornalista e deslumbrada.
Não só a feira aproxima com seus feirantes nômades e felizes, com os quais mantemos laços de camaradagem jamais encontrados nos mercados das grandes cidades, como também nos encantam os armazéns de mangaios onde encontramos tudo o que guardamos na memória de um tempo cheio de dificuldades e fadigas próprias de um momento de transição entre o rural e o civilizado.
O mangaio de Dequinha, em Jaçanã (RN), é um desses espaços convidativos que tenho o hábito de, toda vez que passo em frente, entrar, olhar e pegar os artigos rústicos que ele, como todo mangaieiro que ama o seu ofício, faz questão de exibir para amantes como eu do que permanece eterno e essencial apesar de estigmatizado e esquecido pela moda atual.
Na Semana Santa estive em Jaçanã e aproveitei a ocasião para mais uma vez visitar Dequinha. Entro e deparo-me de imediato com a linda bolsa de caçador pendurada no teto. “Vinte e cinco reais”, diz a vendedora e mulher do dono da loja. Pechincho: “faz vinte?” “Não, é vinte e cinco mesmo.” Pago a bolsa e saio tão feliz quanto no meu tempo de estudante de jornalismo. Sou da geração de Jornalistas que adoravam ser reconhecidos pelo visual largado e estilo inconfundível do texto. A bolsa de lona rústica amarela pendurada entre baladeiras, lamparinas, gaiolas, pega-brasa, panelas de barro, pavios e uma infinidade de utilitários, era um convite ao passado da moça que viera do interior para a capital e permanecera com a mesma estética do simples que a faz ainda jovem, jornalista e deslumbrada.
Ana Barros
Natal, 08 de abril de 2015.
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