Chego com o meu rádio Sharp, várias fitas cassete
de Amado Batista, Roberto Carlos, Fábio Júnior, Reginaldo Rossi e todos que
falam o que eu não sei, ou finjo não saber, com as minhas buriladas palavras.
Chego de ônibus na cidade de uma rua só. O toca fita e a mochila cheia de
revistas Grande Hotel substituem o burburinho que você tanto odeia e que eu
insisto querer. E não raro saímos com o toca fita no ombro a curtir Bartô
Galeno no inferninho da praça onde pela primeira vez bebi cachaça e tive que
tomar banho na madrugada no quintal de sua casa e, se D. Maria sua mãe a tempo
não chegasse, adeus "cabaço"... Seu pai toca sanfona, sua mãe toca
colheres, você toca triângulo e canta que nem um camelô de feira onde se
convence na tapa. Mais tarde tudo cala... A sanfona, o triângulo as colheres na
lata: é hora de desligar o toca fita. Outro som começa no céu da boca.
Ana Barros
Ana Barros
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