quarta-feira, 27 de outubro de 2010
A dança do tempo
A imagem não é só para mim, mas para os demais. Uma vingança? Você está jovem, loura e ricamente vestida. Veio à tona um fato ocorrido há dez anos quando você, abandonando as crises e o tédio na cidade grande, recolheu-se numa simples casa da montanha. Não era mais nada, apenas uma senhora em paz. Enfim, o espírito emancipado da carne. Não confiei na decisão tão extrema, nem tampouco ter como confidente o cavalo Azulão e deixar os cabelos naturalmente pixains e inteiramente brancos – na imagem eles estão alisados e cuidadosamente tingidos. Quando se descobriu uma velha, você apagou o espelho. Achou conveniente dar um basta no tempo e jogar a culpa na burguesia, que tudo compra, inclusive a simulação do eterno. Fez uma faxina nos acontecimentos e amarrou-os na boca do vento. Na imagem, você passeia sem peso na superfície. Fechei a mensagem sem deixar de me reconhecer na imagem, eu, outra velha, perto, no burburinho, dançava.
domingo, 24 de outubro de 2010
A insistência das coisas
Busquei todas as coisas e senti a essência escondida
em cada esquina virada, em cada etapa vencida.
Juntei coisas, acervo sem vida. Mas eis que de repente em volta
as coisas, novamente todas, vi surgir dos escombros
de quimera e sina. Bateram minha porta, chamaram lá fora.
Escondida fingi não ouvir. Fingi, pois o eco rasgava uma vez mais
a pele do meu fantasma.
em cada esquina virada, em cada etapa vencida.
Juntei coisas, acervo sem vida. Mas eis que de repente em volta
as coisas, novamente todas, vi surgir dos escombros
de quimera e sina. Bateram minha porta, chamaram lá fora.
Escondida fingi não ouvir. Fingi, pois o eco rasgava uma vez mais
a pele do meu fantasma.
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