Manhã de sexta eu passo em frente ao prédio de tinta fresca...
A rua acorda amarela
Um homem passa e espirra no meu rosto de velha
Maria foi ao cemitério...
Luís foi ao mercado comprar frutos amargos
O açougueiro satisfeito e faca nos dentes
lhe ofereceu carne-verde
Já tenho a minha carne – preta
Luís disse com a boca esmagada em flores de medo
Tem febre o homem que passou por mim...
Mas eu ando lenta e fria na rua com sinal fechado
Há cachorros na calçada...
Ana Barros
Natal, 18 de dezembro de 2020.
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