Se
alguém perguntar o que mais gosto da vida sem pensar digo que é a necessidade
de brincar. Brincadeiras às vezes absurdas a uma existência dos fast food que
só vendo para acreditar nas aventuras compartilhadas apenas por amigos que se
deixam andar por terras ainda úmidas de gente, cheiro e sabor. Pois bem, Vou
falar aqui não das inúmeras experiências vividas na infância do sítio Gurjaú, com
Tutu e meus irmãos, mas da última, brincada
na casa de Pium da amiga Marilu Albano.
É
domingo de manhã e só tem na geladeira um pedaço de carne de sol, um punhado de
proteína de soja, um coco seco, uns 100 gramas de goma e um quilo de farinha de
mandioca. Tudo bem dou um jeito de fazer alguma coisa para o café e o almoço,
eu disse. Quero sal e o rapa-coco, pedi à dona da casa que respondeu: “Só tem
sal grosso para churrasco. E raspar o coco, só se for com uma colher.” Tentamos
com a colher, com o garfo e nada de sair a carne saborosa do coco já quase todo
roído pelos nossos dentes afiados. “O liquidificador, passa pra cá a faca que
já já corto esse danado em tiras e o trituro no liquidificador.” “O
liquidificador não tem copo”, ouvi a desculpa. Insistente disse que a comida sairia
de qualquer jeito, pois não iríamos embarcar numa aventura? “Vou pegar o
rapa-coco da vizinha,” se prontificou a dona da casa trazendo além do rapa-coco
um molho de alface e outros dois de coentro e cebolinhas, tudo cultivado na
horta, ali, fresquinhos e dados à vizinha que só tinha em abundância para o
almoço das visitas sal grosso colhido do mar.
Foto: Belki Albano
Já
passa do meio dia quando os amigos Belki, Ziza e Carmela sentam-se à mesa com
Marilu e eu para saborearmos a comida farta e saudável feitas com o mínimo de ingredientes
e o máximo de amor.
Ana
Barros