sexta-feira, 22 de novembro de 2013

O TOCA FITA

Chego com o meu rádio Sharp, várias fitas cassete de Amado Batista, Roberto Carlos, Fábio Júnior, Reginaldo Rossi e todos que falam o que eu não sei, ou finjo não saber, com as minhas buriladas palavras. Chego de ônibus na cidade de uma rua só. O toca fita e a mochila cheia de revistas Grande Hotel substituem o burburinho que você tanto odeia e que eu insisto querer. E não raro saímos com o toca fita no ombro a curtir Bartô Galeno no inferninho da praça onde pela primeira vez bebi cachaça e tive que tomar banho na madrugada no quintal de sua casa e, se D. Maria sua mãe a tempo não chegasse, adeus "cabaço"... Seu pai toca sanfona, sua mãe toca colheres, você toca triângulo e canta que nem um camelô de feira onde se convence na tapa. Mais tarde tudo cala... A sanfona, o triângulo as colheres na lata: é hora de desligar o toca fita. Outro som começa no céu da boca.

Ana Barros

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