Há pessoas que
não dão muita importância aos móveis, utensílios e outra infinidade de miudezas
que compõem a atmosfera da casa. Passam os anos e aqueles objetos continuam
ali, no mesmo lugar de sempre. E se os donos vivem vida longa aí é que nada sai
do lugar mesmo. Mas o interessante é que, com o passar do tempo, todos se
acostumam com os espaços ocupados e ninguém dá mais pela presença daquela cama
velha, do fogão da vovó, da cadeira com o pé manco do tio velho, ou do
porta-toalhas que encardiu no lugar onde todos enxugam a mão enquanto dão uma
espiadinha no espelho oxidado, sem enxergar que o pequeno móvel envelheceu, que
ninguém o valoriza senão pelos donos da casa que ainda vivem. Assim aconteceu
com o porta-toalhas de minha avó materna, Rita Pereira. Depois de sua morte,
ano passado, aos 92 anos, a família fez a partilha entre os filhos e netos e
doou o que era para ser doado. Depois de alguns dias, amigas de Natal se
hospedaram na casa e então, a surpresa! Edilma Lopes : "Ana, por que esse porta-toalhas não está no Cafundó?" E foi aí que percebi o
pequeno móvel gasto dos nossos dedos, do nosso suor, das nossas sujeirinhas de
criança lavadas na bacia de ágata branca da minha avó D. Ritinha, das inúmeras
enxugadas de mãos e de rosto do meu avô Chico Pereira quando chegava suado do
roçado. Imediatamente pedi permissão para "tombá-lo" no Cafundó Café & Arte. Hoje ele se encontra decorando uma das paredes
do Sebo.
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